Em São Paulo, Abib Maldaun Neto foi preso por abuso sexual. De acordo com os relatos das vítimas, o crime ocorreu durante a realização de exames físicos.
Condenado a 18 anos e seis meses de prisão em regime fechado, admitiu em depoimento à Justiça de São Paulo que estimulou o clitóris de pacientes durante exames clínicos em seu consultório na capital paulista e classificou o procedimento como "de rotina" para verificar efeitos colaterais pelo uso de hormônios. O crime foi cometido contra seis ex-pacientes e uma ex-funcionária entre 1997 e 2020. Em um dos casos, o crime foi praticado 15 vezes. Todos os envolvidos já foram ouvidos.
Em abril deste ano, o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) cassou de forma definitiva o registro do médico nutrólogo Abib Maldaun Neto. A decisão ainda precisa ser referendada pelo Conselho Federal do Medicina (CFM). Até o momento, o CFM mantém a classificação do registro dele como "interdição cautela-total".
Já foi condenado
Abib Maldaun Neto já havia sido condenado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo por violação sexual mediante fraude em regime semi-aberto, mas respondia em liberdade. Em julho de 2018, a decisão em relação ao abuso de uma paciente em 2014 foi dada em primeira instância. A defesa do médico recorreu e a condenação em segunda instância ocorreu em 30 de julho de 2020.
Depoimento de Abib
Abib Maldaun Neto nega, em diversas vezes no depoimento, que teve curiosidades ou prazeres sexuais nos exames. E que sempre teve autorização das pacientes. "Jamais, em tempo algum, doutora, eu fiz esse exame com lascívia, com interesse sexual na paciente. (...) Era um exame de 30 segundos. (...) Sempre teve anuência, doutora, sempre teve porque nunca foi nada visando... desculpa o português chulo... sacanagem com ninguém, eram pacientes que eu sempre tratei como relação médico-paciente, era pro bem estar delas, ou eu trocava totalmente o hormônio, eu tirava totalmente o hormônio, diminuía a dose do hormônio, mas eu precisava ter um parâmetro".
O médico em diversas falas também reiterou que sempre esteve acompanhado de enfermeiras. Essa versão é negada por todas as vítimas e testemunhas de acusação ouvidas no processo. Segundo elas, no momento em que o médico pediu para que tirassem a roupa ou baixassem a calça e ficassem sem calcinha, não havia nenhum outro funcionário na sala.