‘Vem aqui, vem me buscar’: mãe relata que filho pediu ajuda momentos antes de ser morto em megaoperação no RJ

  • ‘Vem aqui, vem me buscar’: mãe relata que filho pediu ajuda momentos antes de ser morto em megaoperação no RJ

    A tristeza e angústia tomam conta das mães que perderam seus filhos na megaoperação policial que ocorreu nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro. Desde a última quarta-feira, diversas famílias se encontram no Instituto Médico Legal para o doloroso processo de reconhecimento dos corpos das vítimas dessa violenta ação, que culminou na morte de 121 pessoas – o incidente mais letal já registrado na história policial do estado.

    Taua Brito é uma dessas mães. Seu filho, Wellington Brito, de 20 anos, foi uma das vítimas. Momentos antes de sua morte, Wellington conseguiu enviar uma mensagem desesperadora para a mãe, enquanto estava preso no confronto na região da Mata da Vacaria, na Penha. Ele escreveu pedindo ajuda: “Mãe, vem aqui, vem me buscar”, indicou Taua em uma entrevista ao portal Extra.

    Desespero e última tentativa de resgate

    Taua, movida pelo instinto materno, correu contra o tempo, levando consigo os documentos do filho, na esperança de resgatá-lo com vida e entregá-lo às autoridades. “Eu só queria tirar ele de lá, para ele não morrer. Para ele pagar pelo que estava fazendo, mas preso, vivo”, explicou ela, expressando seu desespero e determinação.

    Após a operação, ao subir o morro, ela encontrou o filho já morto com um tiro na cabeça. Taua permaneceu na porta do IML por dias, até conseguir fazer a liberação do corpo de Wellington para o enterro. Ela lembrou dos esforços para direcionar seu filho para longe das escolhas perigosas, apesar das limitações impostas pela vida na favela: “Nunca apoiei a vida que ele escolheu. Mas, na favela, não temos muitas oportunidades”, lamentou.

    A dor irreparável de uma mãe

    Taua, que sustenta sua família vendendo bolos e doces, sente uma profunda conexão com outras mães que passaram pela mesma tragédia, incluindo as famílias dos quatro policiais que perderam suas vidas na mesma operação. Ela destacou a dor universal de todas as mães que tiveram que enterrar um filho e compartilhou o impacto devastador na sua própria vida familiar: “Todas as minhas metas de vencer incluíam ele e a irmã. Agora, a metade de mim foi embora com o Wellington”, concluiu ela entre lágrimas.

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